Já à algum tempo que a curiosidade sobre os restantes trilhos pedestres de Salréu me fazia olhar pela janela do Comboio cada vez que passo para aqueles lados. Depois de provar o Percurso de Salréu, o mais comprido e emblemático, chegou finalmente a altura que os meus pés não se contiveram e foram visitar o Percurso do Bocage e Percurso do Rio Jardim, percursos que se repartem por Salréu e Canelas. Um com perto de 4km e outro com 2kms percebe-se logo que são percursos para fazer devagar, observar muito bem o que nos rodeia e por que não, sair dos caminhos marcados para explorar outras zonas. Afinal de contas a zona é totalmente plana. Não sendo circulares é facil saltar de uns para os outros e todos começam e acabam num caminho paralelo à linha de comboio.

Comecei pelo percurso do Bocage. Indo de carro e deixando depois da ponte é necessário percorrer cerca de 1km e cruzar com outros trilhos para encontrar o percurso do Bocage, sempre com a serra do nosso lado direito, lá bem longe. Depois é seguir pelos largos, planos e bons caminhos. Tão bons que podemos ter o azar de encontrar veículos automóveis. Na verdade foram duas carrinhas se não estou em erro. Provavelmente das pessoas que trabalham nestes campos por isso não é de condenar. Este local tem características muito próprias de tal maneira que forma um habitat único em Portugal.

O ambiente Bocage é acima de tudo caracterizado por campos de cultivo separados por sebes vivas, imagem tão característica do romantismo que lhe é associado, portanto é precisamente esta paisagem que encontramos. Não são poucas as vezes que nos penduramos num portão qualquer feito de ramos e o olhar se perde. O olhar e o pensamento. Até nos esquecemos da máquina fotográfica.
São muitas as espécies animais e vegetais que podemos encontrar. Claro que umas são bem mais visíveis que outras mas consta que por lá existem guarda-rios, nenúfares, caniço, galinha-de-água, lagarto-de-água, lontra, morcego-hortelão, garça-real, fuinha-dos-juncos, raposa, águia-d’asa-redonda, pato-real, gado bovino de raça marinhoa (autóctone), pintassilgo, gavião, funcho, mocho-galego, texugo, coruja-do-mato, pica-pau-malhado, pilriteiro, rola-brava, carvalho-roble e pega. Uma lista riquíssima portanto!
Fazendo o caminho no sentido que o fiz, de norte para sul, acabamos junto a uma ponte ferroviária, um pouco abaixo da estação de Canelas. Subindo para norte paralelamente à linha cedo encontramos o Percurso do Rio Jardim. Antes destes existe ainda um braço de água com uma pequena lagoa onde, nesta altura do ano, os peixes ficaram encurralados e as aves aproveitam para se banquetear. Com uma objectiva adequada e/ou binóculos é de todo aconselhável sentar-se à sombra de uma árvore e esperar! Não tarda temos imagens magnificas.
Ver localização do Percurso do Bocage

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