Antes de mais tenho que dizer uma coisa em que tenho matutado e esquecido de referir noutras entradas no blogue. Não é estritamente necessário que uma zona tenha um trilho para podermos caminhar nessa zona. O planeta está à nossa espera sem trilhos marcados e basta partir para o descobrir. Cresci em zonas rurais, desde pequeno me habituei a ter os meus trilhos e portanto apenas sigo trilhos marcados para poder ter uma opinião sobre o seu traçado.
O Baixo Vouga Lagunar é disto um perfeito exemplo. são quilómetros e quilómetros de caminhos. Não esperem que os marquem, ponham os pés ao caminho e descubram esta zona tão rica. É completamente plana mas o que lhe falta em terreno é compensado pela paisagem, fauna e flora.

Ora então vamos lá ao trilho pedestre marcado de hoje. O Percurso de Antuã que, como o nome indica, decorrer ao longo do Rio Antuã, o rio mais importante do concelho de Estarreja, com apenas 6kms circulares.
Podemos iniciar o percurso pedestre junto da estação de comboio de Estarreja. Na verdade começa uns metros depois, no Largo do Esteiro de Estarreja mas é possível ir de comboio e ver logo a indicação do percurso.
O percurso é inteiramente composto por largo estradão de terra batida onde as máquinas agrícolas passam de vez em quando. A primeira parte segue a margem do rio, com pouca água mas limpa. Avistam-se campos, gado e aves com frequência, principalmente garças que não andam muito longe do gado bovino. Muitas margens do rio apresentam escavações de lagostins, uma espécie exótica prejudicial.

A segunda parte do percurso, depois da estação elevatória, em sentido inverso percorre zonas alagadas, quer repletas de junco quer zonas de arrozais, onde é possível avistar com facilidade diferentes espécies de aves desde cegonhas a águias passando pelos melros e corvos. Claro que os pequenos pardais são os que em maior número se mostram e fazem questão de marcar a sua presença com alegres canções. As borboletas e libelinhas ainda fazem a sua aparição. Os répteis é que não serão lá muito fáceis de avistar. Segundo a informação ao longo do caminho podemos encontrar: verdilhão, toutinegra-dos-valados, malhadinha, borboleta-pequena-da-couve, cavalinho-do-diabo, libélua-ibérica-de-cauda-azul, maravilha, delta-castanha, toirão, doninha, toupeira, lontra, morcego-rato-grande, rato-de-água, cobra-de-água-de-colar, rã-ibérica, tritão-de-ventre-laranja, cobra-de-água-viperina, rã-verde. lagarto-de-água, garça-branca-pequena, guarda-rios, pardal, andorinha-das-chaminés, galinha-de-água, águia-d’asa-redonda. Os mais esquivos são a raposa, cuco, pirilampo-mediterrânico, garça-vermelha, rela (ao tempo que não vejo uma!) e enguia.
Já no fim ainda tempo para molhar os pés no rio apesar da temperatura muito baixa da água.
Conclui-se portanto que é um percurso pedestre para onde é obrigatório levar pelo menos binóculos, à falta de equipamento fotográfico adequado. Recomendado!