Por norma não participo em provas, maratonas ou como lhe quizerem chamar. Primeiro porque são demasiado caras. Segundo porque tenho uma bicicleta muito pouco orientada para esse tipo de andamento, onde as bicicletas de XC são rainhas. O campeonato é iniciativa da Inatel – Delegação de Viseu.
No entanto depois de me massacrarem a cabeça uns dias para ir a S. João do Monte, que seria o meu tipo de terreno, que seria barato, que seria uma coisa engraçada lá fui. Também convencido pelo convite de passar uma noite numa casinha de pedra da serra. O meu obrigado ao Sérgio do grupo desportivo de verdemilho.
A verdade é que não me arrependo nada de ter ido. O preço de inscrição foram 3.5€ onde se incluia:
– Reforços bem abastecidos
– Almoço sem restrições
– Banhos
– Prémios
Do meu ponto de vista toda a organização está de parabéns pois tornou o btt acessível a todos, não sobrecarregando os participantes com custos sobre o que é oferecido, como aconteçe na maior parte dos casos. Além de serem sempre simpáticos e prestáveis.
As marcações do percurso abundavam e estavam bem visíveis na maioria do percurso e só por distracção segui em frente onde era para virar, felizmente o “homem da moto” avisou-me logo e não me perdi como chegou a aconteçer a alguns. A maior parte dos cruzamentos no alcatrão tinham pessoas da organização. As pessoas das aldeias estavam a ver passar os ciclistas e a dar força o que é sempre agradável.
As subidas, essas malandras, foram mais que muitas ora em estradões, ora em caminhos mais irregulares. Lembro-me perfeitamente de uma altura que seguia sozinho e olhava para cima, pensava “vou ter que subir este monte?” .. e tive mesmo que subir, quase sempre em primeira, não via ninguém à frente, não via ninguém atrás, lá fui pedalando sem me chatear muito até porque por esta altura já tinha um joelho a rebentar, parece-me uma dor na fíbula (não sei se estou a dizer asneira) que me anda a preocupar bastante. Também me lembro de ter que desmontar por alguns bocados, o cansaço já era demasiado e ia mais depressa a pé do que em cima da burra. Na segunda picadela disseram “epá, este gajo foi o primeiro que passou sem desmontar”, isto relativo a uma pedra que passava por cima de um riacho, uns metros a subir algo técnicos. Claro que me deu algum animo!
Quanto às descidas.. ora, começaram logo por ser umas descidas algo perigosas e eu ainda não tinha os olhos bem abertos… não fui ao chão mais não faltou muito. Nem todos tiveram a mesma sorte. Depois vieram as descidas em alcatrão para atingir velocidades elevadas com curvas apertadas. Detesto isso! Prefiro a sensação de velocidade do que a velocidade em si. E a verdade é que me ia espetando contra uns eucaliptos, entrei na curva por fora e com velocidade a mais. Cheguei ao fim deste pedaço com os discos a ferver e um cheirinho a queimado! Depois foram apareçendo outras, mais ou menos perigosas, com mais ou menos pedra, umas que valeram dropouts partidos, outras mais suaves. Mas de entre todas as descidas a ultima fez a adrenalina disparar. Andei alguns km a tentar ultrapassar dois ou três colegas do pedal sem sucesso. Foi esta ultima descida que me deu a hipótese de subir uns lugares na classificação. Terreno bastante irregular, pedras grandes, valinhas, pequenos saltos… foi onde gozei os 160mm da suspensão que levei e que tanto me faz penar nas subidas. Não tive que escolher o melhor caminho, apenas escolher um caminho e deixar a bicicleta trabalhar.
No fim de contas consegui um lugar muito melhor do que esperava, um 17ª e tenho que confessar que senti a picada do bichinho da competição.
Para o ano lá estarei! As fotos, essas, estão-se a vestir.