E porque nem só de bicicletas vive o homem o domingo passado foi dia de caminhada. Ou trekking ou como lhe quiserem chamar. Já à algum tempo que andava curioso acerca do percurso que passa pela antiga linha do Vouguinha, pela ponte do Poço S. Tiago.
O PR3 – Rota das Laranjeiras começa junto à Igreja Matriz de Pessegueiro do Vouga. A partir dai escolhi subir. A localidade tem uma ou outra casinha engraçada arquitecturalmente falando mas nada de muito especial. A parte inicial do percurso não me despertou grande interesse: subidas e descidas constantes que vão ter à mesma estrada alcatroada e passagens pelo meio das casas sem nada de interessante a assinalar, tirando as respectivas capelas de cada monte e as vistas excelentes para o vale. A partir da capela de Sta. Quitéria segue-se por um caminho florestal que irá sair na antiga linha de comboio do Vouga. Existe sempre uma constante bastante negativa: a floresta é composta na maior parte por eucaliptos. Mas ainda mais negativo foi encontrar lixo despejado no meio da floresta: móveis, electrodomésticos e peles de animais que outros animais puxaram para o caminho causando um cheiro nada agradável. A partir daqui é sempre a descer e é preciso algum cuidado para quem não estiver habituado, a descida chega a ter uma inclinação considerável.
Finalmente chegamos à antiga linha. O piso de alcatrão acelera o passo e mal damos por isso estamos na imponente ponte do poço de Santiago, uma das principais atracções deste percurso e provavelmente a maior ponte de pedra de Portugal. Uma paragem para apreciar os arredores e siga para a frente. Os eucaliptos começam a desaparecer da vista e outro tipo de vegetação mais agradável toma o seu lugar. É sempre engraçado passar pelos pequenos túneis do comboio e observar o tecto negro, lembrança dos anos dourados da máquina a carvão.
Mas agora existe outra coisa para onde voltar o olhar: castanheiros e os seus ouriços carregados de castanhas! Calhou um senhor que estava a passear por ali e mora por perto, meter conversa acerca da qualidade das castanhas, acerca daqueles terrenos e outros demais temas. Dai a pouco já eu tinha algumas castanhas na mochila e a minha companhia uns cogumelos na mão que nunca esperei encontrar por ali, iriam ser o meu jantar! Siga caminho. Convém referir que esta parte do caminho é extremamente plana, mais do que alcatrão e pintada de vermelho, uma verdadeira passadeira de caminhada. Ainda comi umas castanhas cruas que abriram apetite para um copinho de moscatel num café em frente à antiga fábrica de massas alimentícias depois da estação de Paradela.
Daqui segue-se por alcatrão e nem sempre com bermas para peões até à outra margem do rio Vouga. Dai começa a sucessão de caminhos entre quintais e terrenos agrícolas, caminhos e carreiros bastante agradáveis até. Por esta altura surge a ideia de repetir o caminho quando as laranjas estiverem maduras pois a paisagem com certeza será muito mais bonita.
Mal me dei conta já estava outra vez na igreja matriz e dei por concluída a jornada do dia. Foram cerca de três horas a descobrir este recanto do rio Vouga com 10kms. Pessoalmente mudaria algumas coisas no percurso, acho muito mais interessante ver mais dos recursos naturais da zona do que andar no alcatrão da aldeia.
Localização do PR3 Rota das Laranjeiras Sever do Vouga
Folheto do percurso: Rota das laranjeiras – pág. 1 ; Rota das laranjeiras – pág. 2