Às 9 e pouco da manhã cheguei da minha viagem de bicicleta pasteleira à localidade de Burinhosa. O pagamento estava feito, era altura de descansar, cumprimentar conhecidos e ir apreciando as bicicletas antigas.
Enquanto tirava algumas fotografias a uma Quadrant de 1890, alertado para a presença desta pelo Rui, aparece o ‘maior carteiro da zona norte’, pessoa que anima qualquer local onde se encontre. Trajado de época, levava uma bicicleta que faz alguma confusão pois é enfeitada pelo próprio mas parece original. Acabou por me oferecer uma máquina fotográfica Agfa, que agradeço novamente. Ainda fomos tirar a fotografia de oferta mas, segundo os meus padrões de qualidade, o resultado desiludiu mais uma vez. No entanto para o participante que não liga a pormenores é um toque importante.
Um pastel de nata depois chegam mais amigos e a festa começa a compor-se. Além dos pasteis de nata havia figos, café e mais uns bolinhos à disposição.
Eram já perto de 10 horas quando se começou a pedalar pelas ruas da Burinhosa em direcção à costa. Não é fácil controlar 300 bicicletas e os pequenos atritos com os automóveis começaram logo no inicio. Uma mulher gorda sebosa dentro do seu imponente carro, acompanhada pelo marido também gordo não teve a gentileza de esperar um pouco avançando em direcção às bicicletas atingindo uma rapariga, felizmente sem consequências. Ora mas é claro que foi o suficiente para uma pequena guerra e a gorda cometeu o erro de fechar o vidro do automóvel enquanto falavam com ela. Foi logo porta aberta e um pequeno estoiro nas trombas sebosas. Claro que por esta altura já tinha bicicletas a bloquear a passagem do carro, não fosse o espirito assassino da gorda aflorar mais uma vez. Pode não ser a atitude mais correcta mas parece que só assim aprendem.
Adiante! O percurso passou por uma estrada sem ciclovia e os condutores de automóveis não estavam com muita paciência para a festa e só por sorte não aconteceram acidentes graves, tal eram as velocidades praticadas. Verdade seja dita, muitas vezes os ciclistas também ocupavam mais que uma faixa, o que seria de evitar. Uma paragem para as bebidas agravou esta situação bloqueando a estrada. Não sei muito bem como mas talvez seja um ponto a rever.
Depois de entrar na ciclovia as coisas andaram mais certas e mais calmas. Os participantes tinham uma senha para trocar por uma bebida num bar da praia. O problema é que eram já quase umas 12 horas e o que apetecia era mesmo comer. Já transmiti esta minha critica ao Rui, com todo o respeito pelo seu trabalho.
Por falar em comer, o parque de merendas escolhido já não estava longe. Apesar de não haver mesas suficientes umas toalhas no chão serviram bem para o efeito. O local em si estava um pouco sobrepovoado e cheio de automóveis mas nesta altura do ano é normal. O local do ano passado era mais bonito, sem duvida, mas demasiado longe.
Com o estômago aconchegado pela comida e bebida era altura de ir inspeccionar as bicicletas participantes, tirar fotografias e conversar. Estavam presentes bicicletas para todos os gostos: restauradas verdadeiras, restauradas falsas, por restaurar mas completas, pasteleiras de senhora e de homem de várias nacionalidades, chopper, de corrida e algumas invenções. Mas só duas ou três prenderam verdadeiramente a atenção. É melhor ver as fotografias que falar.
Foi pena o pouco tempo que os participantes tiveram para conviver, era já altura de pedalar de volta à Burinhosa. Parece que da parte da tarde os automobilistas estavam mais bem dispostos tirando um ou outro menos confortável com a ideia de as bicicletas serem mais mediáticas que o seu carro de gama alta. Nota negativa para uma moto4 que acompanhou o percurso, irritando com o barulho e manobras. No entanto a organização nem sabe de onde choveu o artista e não tem culpa. Ainda dentro das variáveis que a organização não consegue controlar, nota também negativa para os participantes que não sabem beber e incomodam os outros pois já não estariam em condições de conduzir uma bicicleta. Condenável é também a atitude de atirar garrafas de plástico para o pinhal. É um dos problemas destes encontros. A maior parte dos participantes é, digamos, inculto ciclisticamente e ambientalmente falando. Dos 300, no dia seguinte seriam uns 10 a pegar na bicicleta como meio de transporte.
Chegados ao ponto de partida foi arrumar as bicicletas, levantar os brindes e a fotografia, conviver mais um pouco e partir. Quanto aos brindes: mealheiros em barro alusivos ao encontro, uma placa, tshirts e algumas revistas. Não que seja fundamental mas é mais que muitas ‘maratonas’ de btt oferecem.
Resumindo, temos um saldo positivo sendo os pontos negativos na sua maior parte culpa dos participantes ou automobilistas, estando a organização de parabéns.
Comments (2)
Obrigada pelo relato. 🙂 Faltou é a tag “bicicultura”, pelo que não apanhei o post no Planeta, vim espreitar a falta de actividade e descobri uns assim esquecidos. 😉
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usaralho Resposta:
Setembro 15th, 2009 às 6:53 pm
Muitas vezes esqueço-me! Mas hoje vou colocar num poste!
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