
Este é o segundo trilho marcado que fiz nos últimos dias passados no Caramulo. Com um nível de dificuldade apontado para médio alto, um tema tradicional e uma encosta da Serra do Caramulo voltada para a Serra da Estrela, este é um trilho que promete logo à partida.
Para encontrar a Rota do Linho preciso procurar a aldeia de Castelões, relativamente perto de Campo de besteiros. Depois é preciso subir até ao Santuário do Coração de Maria. Na verdade optei por deixar o carro mais em baixo e fazer a pé a subida até este lugar. O dia bastante quente e as escadarias até à Igreja avisaram onde nos íamos meter. Na verdade, a opção de fazer o trilho pela tarde não foi lá muito inteligente.
Siga para a frente, subir mais um bocado. Esta primeira parte do trilho não tem muito que contar. Os animais esses eram difíceis de avistar por causa da hora e ao calor. Caminhamos por estradões enfadonhos, ora a subir, ora a descer (é preciso força nas pernas para descer) e muitas vezes cheios de pó e areia que se mete por todo o lado. São caminhos abertos recentemente ou reabertos. Pessoalmente prefiro os caminhos tradicionais. No entanto a paisagem florestal têm pontos muito interessantes e quem fizer esta parte pela manhã munido de equipamento apropriado com com certeza conseguirá observar muito bicho!

Depois de tanto pó, do sobe e desce chegamos a uma pequena represa. Tempo para refrescar os pés, tirar umas fotos aos animais que se conseguirem avistar se bem que com máquinas compactas pode ser uma tarefa complicada. Existe uma espécie de libelinha (ou assim eu penso), toda azul, que tem tanto de bonita como de irrequieta e obter uma imagem da mesma sem equipamento apropriado não é fácil. Mas, pelo que me apercebo da sua raridade, observa-lá já é um privilégio.
A aldeia de Múceres espera por nós e nela a sua escola primária que acolhe o Centro de Laboração do Linho. Foi preciso andar às voltas da escola e bater às portas, mas fomos bem recebidos. Lá podemos observar os mecanismos de um tear tradicional enquanto é fabricada uma peça de linho ao vivo. As artesãs, apesar de meio desconcertadas com a visita, lá explicaram e mostraram o processo que esta planta sofre até nos servir. O que fazem está à venda, não gosto dos artigos mas é o meu gosto, a visita vale a pena.
Ora seguindo caminho, fazendo uma visita à Capela da Senhora do Livramento, que para não variar muito estava fechada foi altura do acontecimento insólito do dia. Como a caminhada se alongava apetecia trincar alguma coisa. Nestas aldeias nunca existe muito mas acabou-se por comprar umas bolachas num mini mercado. À primeira trincadela estranhou-se a textura das bolachas. Foi então que se reparou que tinham passado a data de validade à um ano! Fantástico! Lá fui trocar aquilo e o homem diz que não tinha reparado! Parece que além das bolachas também os casarões belos destas aldeias passaram da validade. A cair aos bocados, são memórias de um tempo em que a prosperidade morava por estas bandas.

Os moinhos estavam à espera mas também eles estão ao abandono, degradados e cheios de vegetação. No entanto criam uma paisagem bonita. Seria mais bonita levasse a ribeira mais água! Mesmo assim existe um ponto que é propicio a um pequeno banho. Nota-se perfeitamente a força da água no Inverno pelo que me ocorre que esta não é a melhor altura para fazer este caminho. No entanto este tipo de informação não é dado ao caminhante e o que aparece sempre nos panfletos é a indicação de que o caminho é para se fazer durante todo o ano.
Depois é passar por Conguedo e Costa da Várzea, ir observando a paisagem, enveredar pelo caminho de regresso. Por esta altura estamos a passar pelos campos de produção de linho. Infelizmente já está cortado e os campos limpos. Mais uma informação que não é dada ao caminhante.
Nota final para a última subida, digna desse nome! É portanto um percurso pedestre que se recomenda mas a fazer em época de mais água.
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