Este fim de semana juntei-me, a convite, com meia dúzia de ciclistas para fazer a ligação Aveiro – São Pedro do Sul pela antiga linha ferroviária conhecida como linha do Vouga. Seriam entre 75 e 80kms, dependendo do local de arranque, bastante rolantes como é lógico pois o Vouguinha, como era chamado o comboio que fazia aquela linha, não poderia fazer grandes declives. Já tinha feito a ligação Aveiro – Viseu por isso sabia o que me esperava.
O dia começou cedo, cerca das 7 da manhã, estava o sol a raiar. Um sol bastante bonito por acaso que, apesar da hora, dá um certo encanto ao começo de qualquer viagem. E por outro lado faz-nos sentir vencedores quando as pessoas que passam dentro dos seus carros nos olhos como se loucos fosse-mos.

O ponto de encontro foi na intersecção da estrada com a ferrovia no local de Eixo. Dai seguimos para a travessia dos campos do Vale do Vouga. Frescos e com terreno direito chega-se a Sernada do Vouga num piscar de olhos. Esta localidade é o ultimo ponto de paragem que o comboio actual realiza antes de se desviar para outro ramal da linha ainda em funcionamento. É a partir daqui que a viagem em cima da antiga linha começa, tarefa nem sempre possível pois alguns troços estão tapados por vegetação, outros foram reclamados por locais como seus, outros estão debaixo de prédios. Neste ponto já havia um desviador e dropout tortos e perdeu-se algum tempo a tentar remediar a situação. Apesar dos poucos conhecimentos acabei por ser o mecânico de serviço. Não que não goste mas fico frustrado quando não consigo resolver alguma situação!

Um pouco mais à frente apanha-se a Ecopista construída sob a linha, um enorme desperdício de dinheiro na minha opinião. Um tapete vermelho com sinais e marcações desde a foz do Rio Mau até à estação de Paradela. Esta pista não vai demorar muito tempo a começar a degradar-se e é apenas o começo: o objectivo é chegar a Viseu. Claro que isso vai ser o fim destas viagens. Ninguém está interessado em pedalar num tapete vermelho perfeitamente plano.
Curiosamente um dos pilares que impossibilita a entrada de automóveis para a ecopista provocou uma queda de um colega que poderia muito facilmente ter consequências piores do que teve.
Concluída a ecopista, mais uma avaria: dropout partido e corrente entalada na cassete. Perdeu-se bastante tempo a tentar retirar a corrente e o colega azarento decidiu seguir em single speed numa relação 42-20 ou algo do género com a corrente demasiado esticada. Com esta relação, a partir dai, raramente o vimos!
A viagem correu sem grandes sobressaltos, apreciando a beleza da paisagem pela manhã (e que beleza!) e as sucessivas estações, a maior parte abandonada, algumas recuperadas… três vivas para a CP por cuidar do seu património… ou talvez não.
Já próximo de Vouzela tive um grande furo que nos valeu mais algum tempo de atraso – algumas zonas da linha conservam ainda as pedras originais, uma dura prova para as suspensões e pneus.
Daqui às termas de S. Pedro do Sul é uma descida refrescante e divertida. No final desta descida é que nos apercebemos que um dos colegas se tinha perdido ao ficar a tirar fotografias à locomotiva em Vouzela. Locomotiva essa que está sujeita às intempéries e não debaixo de telha.
Com todos os problemas acabamos por chegar à estação de S. Pedro do Sul já eram perto de duas da tarde.
Banho e tacho que isso é que se estava a precisar!
Mais fotos no blog do Grupo Desportivo de Verdemilho.
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