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Dezembro 2, 2009Dezembro 2, 2009

Assalto ao Caramulo 2009, a vitória!

Mais uma voltinha de btt, mais uma molha!! Depois de uma noite atarefada em que o sono tardava em aparecer por causa da excitação do dia seguinte o despertador parece que tocou um pouco mais cedo do que era suposto. Mas não, eram mesmo horas de vestir a farda e ir direito ao quartel de Vila Nova de Monsarros para o Assalto ao Caramulo de 2009.
A maior parte dos soldados já estava nos seus lugares e as bicicletas prontas para o arranque. O ataque começou com um breve briefing do comandante Faísca seguido de uma descida até ao café. O dia começava chuvoso. Mesmo assim, por serem sete da manhã, tinha esperança que com o raiar do sol a chuva se fosse. A verdade é que o sol nem se viu durante todo o dia.
As tropas seguiram animadas, confiantes e a bom ritmo ao encontro no inimigo. Dentro de pouco tempo começava a primeira subida. Primeira e única: 30kms a subir. À medida que progredia no terreno sentia que a minha preparação contra o frio estava a ser eficiente. Até começar a passar pelas poças de água e a chuva repassar o impermeável do lidl que me emprestaram que de impermeável nada tem! Começaram as primeiras dificuldades técnicas: selins desapertados e correntes partidas. Também sofri deste mal de correntes partidas. Felizmente foi o elo de ligação que saltou e consegui encontrar as peças para voltar a ligar a corrente. A partir daqui não tive mais problemas com a corrente. Algum lixo que estava acumulado no elo. Não valia a pena pôr óleo nas correntes. A lama e chuva rapidamente o eliminam. Era o inimigo a vir ao nosso encontro. Uma coisa é certa. A animação continuava, não seria assim que seriamos derrotados.
Seguidos de perto por três tanques (leia-se jipes) as tropas subiam e subiam. As verdadeiras paredes começaram a surgir o que levou alguns (como eu) a sair das suas montadas e avançar a pé. Quanto mais alto menos árvores o que faz com que o animo comece a mudar de figura. Roupa encharcada, mais paredes por fazer, chuvinha irritante, ventos que empurram a chuva contra o corpo, nevoeiro intenso. O inimigo estava por todo o lado. De facto o pormenor do nevoeiro intenso era interessante. Ao chegar às eólicas olhava para a frente e para traz e não via ninguém. Só branco. Questionei-me se estaria no sitio certo. Não foram poucas as vezes que esperei até ver uma silhueta no nevoeiro. Não me atrevi a pegar em máquinas fotográficas nem telemóvel nem nada do género. A única fotografia iria ser tirada quando chegasse ao Caramulinho.
Por fim o último obstáculo antes do refúgio: uma ascensão por pedra solta de meter respeito, uma subida digna desse nome antes do lugar de Malhapão de Cima. Mais uma vez a opção desmontar teve que ser escolhida. Dos vales em baixo nem sinal. Só um imenso abismo branco. Mais um bocadinho e já se via a ultima curva antes do tasco do Sr. Cardoso e da prometida lareira. Foi junto a esta que passei a maior parte do tempo. Nem pensei em comer, só em aquecer e enxugar roupa. Os soldados que partiram de outros pontos chegavam e partiam. Muitos tinham ficado pelo caminho mas o café era pequeno para tantos ciclistas à procura de abrigo. Entretanto pensava no ataque final. Teria coragem para os últimos três quilómetros. Muitos ficaram por ali. Mas eu não. Olhei uma ultima vez pela janela para avaliar o tempo, troquei de meias, enfiei as luvas e sai para a chuva e frio. Estes últimos quilómetros foram feitos a muito custo com o uivar do vento misturado com chuva no capacete. Finalmente a vitória!! Estava no Caramulinho, a 1000 e poucos metros de altitude.
Agora era descer. Algo que me assustava. Não pelas descidas mas pelo frio que iria apanhar. A subir sempre se aquece. Ainda por cima tive que esperar pelos companheiros de batalha. Reunidas as tropas foi largar os travões novamente até Malhapão. Aqui arrefeci mais um bocado à espera da resolução de um problema na bicicleta de um soldado. E depois descer!! Estas primeiras descidas tem um problema para mim. São exactamente por onde se subiu e tenho um bocado de medo das ribanceiras de modo que me agarro um bocado aos travões. Acontece que as pastilhas Fórmula são excelentes em tempo seco mas uma desgraça com chuva e lama, um pormenor que deveria ter sido pensado nos preparativos. Derreti uma das pastilhas traseiras ficando a travar com o metal contra o disco. Na frente tenho pastilhas JagWire, um pouco mais resistentes. Além disso a mola de suporte das pastilhas ficou a roçar no disco o que fazia uma barulheira! Esta falta de poder de travagem valeu-me alguns sustos e noutras situações não pude desfrutar das descidas como deve ser. Mas também com tanta chuva e areia nos olhos não via lá muito bem o melhor trajecto. Era um bocado a sorte e os 160mm de suspensão que tenho que carregar a subir que tratem do resto. Por falar em areia nos olhos, só esta manhã saiu um grão de areia que tantas dores meu deu! Portanto as descidas para mim tiveram duas regras: não parar de pedalar, mesmo que em vão, para não arrefecer e usar os travões de forma muito consciente para os poupar.
Às tantas as tropas decidiram tomar a estrada de alcatrão. Era tarde, estava tudo ensopado e com frio. Acabei por me ir abaixo um pouco, talvez por uma alimentação deficiente, pedalando um pouco sozinho na cauda do batalhão. Agradeço ao Joel que a dada altura me acompanhou e ao “metralha” que foi o nosso guia até ao banho quente que Vila Nova de Monsarros nos ofereceu.

Base do Caramulinho
Base do Caramulinho

Apesar de ter conquistado o Caramulo cometi muitos erros de equipamento. Acima de tudo esta aventura serviu para uma melhor preparação para o ano que vêm nomeadamente a nível de vestuário impermeável.
Uma palavra de agradecimento ao pessoal de Vila Nova de Monsarros pela maneira como recebem e pela alegria que transmitem ao pedalar. Curiosamente uma das primeiras aventuras que coloquei neste blog foi precisamente A Nocturna mais Louca, uma outra versão desta aventura.
Até para o ano!
Ah, a neve não apareceu, infelizmente.

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