- BRM 200 km Tejo-Sorraia-Tejo (11/02/2011)
- Alqueva 400
- BRM Planícies e Montados 300 ou quase
- BRM Alqueva 400
- Portugal na Vertical 600
- Passeio de 200kms!
- BRM Planícies e Montados 300 – 2013
- Pedalar para longe em equipa
- Alqueva 400, Maio de 2013
- Portugal na Vertical 2013
- BRM Tejo-Sorraia-Tejo
- Um BRM de 300 quilómetros e mais um bocadinho
- Flèche Vélocio Lisboa – Coimbra 2014
- 600.000 metros depois de 400 quilómetros
- BRM YOYO 600
- Paris Brest Paris 2015
- Portugal na Vertical 2015 + Norte a Sul
- BRM Alqueva 400 com vento forte
Epá, acordar às 3 da manhã baralha-me um bocado a caixa pensadora mas para tomar o meu banho, ir com mais ou menos calma e não chegar atrasado, lá teve que ser. O ano passado não apanhava os briefings, portanto este ano decidi portar-me bem e não chegar em cima da hora.
O dia começou com um alivio tremendo: não existiam previsões de chuva!! O ano passado este brevet foi um inferno molhado e não queria de todo repetir a experiência.
Saímos à hora marcada de Vila Franca de Xira, como habitualmente e começaram as pedaladas em direcção ao nascer do dia. A segunda boa surpresa deste ano foi o agradável desvio da N10, poucos kms depois de VFX em direcção a Salvaterra de Magos. Uma estrada em bom estado com pouco transito e, cedo, com o nascer do sol no horizonte. Começava da melhor maneira um dia de muito esforço.
A terceira surpresa do dia foi a massa compacta de ciclistas que se formou. Nos outros brevets em que participei, cedo se dispersaram pequenos grupos ou pelo menos foi essa a sensação com que fiquei. Bem, de qualquer maneira, foi muito agradável olhar para trás e ver uma mancha de luzes de bicicleta. Sim porque a dada altura estava na cabeça do “pelotão”, não sei porque carga de água. O dia só melhorava.
Pouco depois de Coruche cometi um erro. Parei num stop, tirei um pão para matar o bicho mas o raio do semáforo ficou verde. Como tenho fivelas para enfiar demorei uns minutos a preparar-me e lá se foi a massa de ciclistas. E isto foi um erro porquê? Porque a recta que se seguia tem uma ligeira brisa que não mata mas mói! Bem, resignei-me à minha velocidade mais habitual e já estava a dizer mal da vida quando passa por mim um comboio do carbono que também tinha ficado a por qualquer coisa no buxo. Nem é tarde nem é cedo, agarrei-me aos drops e apanhei boleia. Sei que é feito ir sempre na retaguarda mas lá teve que ser. Foram uma grande ajuda.
Fiz a paragem mais curta que pude na ponte de Couço para Monte Novo (não me lembro agora do nome da ponte) apenas para responder à pergunta do posto de controlo, por um pão no casaco e enfiar uns frutos secos pela garganta abaixo. De seguida tentei ganhar algum tempo, o que consegui por alguns momentos. Depois acabei por apanhar novamente o comboio do carbono.
Bem, entretanto Ponte de Sor, o primeiro controlo de carimbo e o primeiro local onde comer algo diferente. Uma sopa, um bolo, um café, encher os bidons de água. Simples e eficaz, siga viagem. Cento e poucos kms feitos num tempo que me pareceu surpreendente pois o ano passado só lá cheguei à hora de almoço!
A dada altura a coisa começou a complicar e comecei a desejar ter uma das bicicletas de carbono com 200 mudanças que me acompanhavam em vez da minha bicicleta de aço com 5. Já estava a delirar, portanto. A chegada a Arraiolos foi um alivio… comida, descanso, alongamentos. Tudo o que me pudesse ajudar a recuperar do quebra pernas que tinha sido a estrada até então. Estávamos no km 180.
Depois desta paragem juntou-se o Nuno ao grupo. Sabia que já faltava “pouco” para Montemor e a paragem foi milagrosa. Juntando ainda a companhia, fiquei com um alento surpreendente. Nem a N4 me pareceu chata! Em menos de nada o km 220 e mais uma sopinha estavam feitos!
Comecei a acreditar que era desta que fazia os 300kms. Afinal, o caminho que faltava já eu conhecia, sabia que existem apenas umas subidas antes de Vendas Novas e depois é sempre a andar. Assim foi! Fiquei mais uma vez surpreendido quando me apercebi que já estava em Pegões. Depois, alguém resolveu ligar o turbo e raramente se desceu abaixo dos 30kms/h durante uma distância de cerca de 45kms. Foi lindo!
A última dificuldade é, obviamente, a degradada e movimentada recta antes de Vila Franca. Aliás, minto, a última é mesmo a pequena subida íngreme já dentro da cidade. Estava a ver que me dava uma coisa má a tentar subir aquilo com as pernas feitas num oito. Mas subi.
Eu nem queria acreditar que tinha chegado antes das 20h da noite. Não foi só resultado do meu treino não. Tenho que agradecer aos meus companheiros de viagem e prometo não dizer mal dos seus carbonos…cof…cof… e titânios. A todos, que mencionei ou não, muito obrigado.