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Ora bem, que se pode dizer. Foi uma experiência que não correu às mil maravilhas. Foi um sacrifício mas deu para aprender umas coisinhas.
Procurei por companheiros para dividir as despesas da viagem de Aveiro a Vila Franca de Xira mas acabei por ir sozinho no dia anterior, sexta feira e dormir numa pensão muito muito ranhosa. Dormir, como quem diz. Noite mal dormida, fraco pequeno almoço, chuviscos.. o dia não começou bem. De qualquer forma, às 6 da manhã lá estava eu a sair de VFX em direcção aos 300kms desta aventura.
O vento dos primeiros kms, batendo de lado, pareceu estranhamente agradável mas depressa esta ilusão se desfez e deu lugar a pés e mãos molhadas. Como era de esperar, pelo tipo de bicicleta que levo (desta vez foi uma Motobecane Grand Touring) acabo por ficar para ultimo, não sem antes ter umas conversas embaladas pelo andamento com os participantes que passaram por mim. Sempre os acompanhei por mais kms do que com a pasteleira.
Pouco depois de Coruche tive que parar para trocar duas peças de vestuário que já estavam encharcadas. As meias de meia estação por umas impermeáveis Sealskinz e as luvas por umas impermeáveis Endura. Ora, quanto aos detalhes técnicos: quem estiver a pensar comprar este tipo de meias, compre. Podem não ser verdadeiramente e totalmente impermeáveis, pelo menos a versão que tenho que é a mais fina, mas o conforto é incomparavelmente superior e mantém esse conforto todo o santo dia, mesmo debaixo de chuva intensa. As luvas é que foi outro problema pois o serem impermeáveis não é a única característica das minhas luvas, são também de inverno. Extremamente quentes e difíceis de colocar com as mãos húmidas. Difíceis ou impossíveis, acabei por andar todo o dia sem luvas e só quando a noite arrefeceu voltei a colocar outras luvas que entretanto enxugaram penduradas na bicicleta. Aliás, a partir daqui a bicicleta parecia um pequeno estendal e parece que não fui o único. Primeira lição: para este tipo de tempo são necessárias luvas impermeáveis mas não extremamente quentes.
Cometi o erro de me alimentar à base de barras, concentrados de fruta e chocolates até à hora de almoço e não ter parado para um café. Quando cheguei a Ponte de Sôr já ia farto deste tipo de comida, completamente de rastos e ainda nem metade dos 300kms tinha feito. Felizmente o posto de controle colocado na cafetaria do Intermarche era abundante em combustível para o corpo sem esvaziar a carteira. E como se viria a verificar, muito bem colocado em termos morais, já lá vamos. Segunda lição: levar outro tipo de comida, nem que sejam umas sandes para não enjoar. Levar também bebidas energéticas, a cafeína será um bom aliado.
Depois deste posto de controlo começam as piores subidas do percurso mas, pelo menos até Avis não foram grande problema, resultado do almoço merecido em Ponte de Sôr e da paisagem que sempre ajuda moralmente. De Avis para Arraiolos e daqui para Montemor é que a coisa complicou um pouco, apesar da paisagem continuar presente. O almoço foi-se, a alimentação continuou à base do mesmo e o pior de tudo: vento! Muito vento que me fez até pedalar a descer senão quase que parava. Verdade é que uns pneus 650B com um máximo de 40psi de pressão (que nem no máximo estavam) não ajudaram à festa. Foi a 3ª lição: pneus deste tipo são bons para viajar com calma mas para este tipo de correrias (tempo limite de 20 horas) e nestas condições não são os mais indicados… apesar de estar seriamente tentado a experimentar mais uma vez.
Finalmente Montemor-O-Novo e o segundo posto de controlo… uma breve paragem e uma bifana depois, siga em direcção a Vendas Novas. Aconteceu mais ou menos o mesmo que aconteceu no primeiro posto de controlo, ou seja, o reforço alimentar aliado a algumas tréguas por parte do vento deram-me um bom avanço, principalmente depois de Montemor (o posto de controlo foi antes e a nacional movimentada também não foi fácil) mas a pouco e pouco a força de pedalar e a moral foram baixando. A dada altura, sentei-me numa paragem de autocarro e já não voltei a subir para a bicicleta. Não foi tanto o cansaço físico, foi mais o meu cérebro que juntou todas as variáveis e mandou desligar o corpo. Eu sabia os kms que faltavam na escuridão total, que é sempre um desafio depois de sensivelmente 240kms, desconfiava que a quantidade de comida que me sobrou não ia chegar e também desconfiava que a bateria de telemóvel não ia durar. Esta foi aliás a 4ª lição: não levar smartphones para este tipo de aventura, escolher com um velho telemóvel com uma bateria com bastante capacidade.
E pronto, foi o fim da minha aventura, já só me levantei para atravessar a estrada em direcção a uma sopa quentinha à espera que a minha companheira me fosse recolher. Próxima? A continuar este tempo mas apesar de tudo por razões económicas, duvido que participe no Alqueva 400, com muita pena minha.
De futuro, a palavra de ordem será treinar!
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