Este fim de semana chegou com as voltas trocadas e acabei ir a este encontro com dois colegas de pedaladas, o homem das ultras Afonso e o Nuno que mais uma vez se revelaram excelentes companheiros do pedal e animaram todo o percurso.
Quando chegá-mos ao campo de futebol de Vermoil pelas 8 e pouco já este se encontrava bem composto de participantes e depois de retirar as bicicletas do suporte ,enfiar no estômago um segundo pequeno almoço e umas fotografias da partida vamos embora que se faz tarde.
A primeira parte do percurso foi bastante rolante, alcatrão a principio, terra batida depois. Progressivamente o terreno foi mudando e ficando mais acidentado, mais bonito, mais exigente. A primeira subida a sério fez tirar todos os casacos a quem ainda os tinha vestidos, o sol estava a queimar e já não me lembrava de escorrer água em fio como naquela subida. Só pensava onde é que raio me vim meter. Esta subida além da inclinação era bastante técnica o que acabou por ser uma constante. Não que não goste, pelo contrário, não gosto é de subidas com terreno liso. As costas começavam a doer, talvez do peso da mochila e da semana passada ao computador.
Ao longe via-se o local por onde teríamos que passar dai a muitas horas. Depois de 5 minutos de descanso, comer uma barrita e tirar a roupa a mais saltei para cima da bicicleta e sentia-me outro. Não me consigo lembrar da sequência correcta de trilhos por onde passamos mas sei que foi cada um mais bonito e divertido que o anterior. O tipo de terreno rochoso, o cheiro das ervas aromáticas, o dia limpo, o ar puro, não se podia pedir mais. Chegá-mos a Ansião dentro da hora prevista e por esta altura já vinha um grupo formado que só se desfez já a poucos kms do final. Não vou dizer todos os nomes ou nicks porque não os sei todos. Mas foram excelentes companheiros.
Foi com satisfação que se chegou ao Rabaçal onde me lancei sem medos a um belo almoço. Estava ali para me divertir e um bom almoço fazia parte disso mesmo. Não consigo perceber o pessoal que para 5 ou 10 minutos para comer mas respeito. Depois deste almoço a coisa complicou-se um bocadinho e voltaram algumas subidas estranhas, cheguei a pensar que tinha comido demais mas dei conta do recado! Subidas estranhas no bom sentido: pedra, vegetação densa, inclinação. Aqui não importava só a força mas a tecnicidade de cada um. Duro com certeza mas por isso mesmo foi um desafio.
Estava bastante admirado por não ter nenhum furo mas tinha-me esquecido de um pormenor. Aqui à tempo fiz um furo no próprio pneu e tenho andado com um remendo a tapar esse furo. Nunca mais me lembrei que tinha que trocar o pneu antes de ir para este desafio. Foi precisamente nesse local que certamente uma pedra mais afiada cortou o remendo e fez um furo na câmara que o liquido anti furo não resolveu. Toca a trocar a câmara, desta vez por uma Joe’s No Flats em vez da habitual Slime. Por mais um remendo no local do buraco do pneu e esperar que a coisa se mantivesse até ao fim o que se verificou. Foi captada uma foto no mínimo curiosa desta situação:

Mal se sabia que o desafio iria ser bem maior do que se esperava. A chuva começou por se fazer sentir na forma de uns pingos engraçados e bem vindos mas depois constantes e frios. A pedra transformou-se numa armadilha perigosa e foram algumas vezes que decidi descer da bicicleta. Na zona da Redinha estava à espera umas deliciosas laranjas e água com fartura para o pessoal o que muito jeito fez. Às tantas perdi os meus colegas, uns foram para a frente e dois ficaram para trás. Os da frente levavam pessoal dos BTTralhos, sabiam o caminho. Ia entusiasmado a segui-los quando me lembrei a tempo que o Afonso e Nuno não tinham GPS e depois de pedalar um pouco no sentido contrário andamos aos assobios e gritos no meio do monte feitos tolos para nos voltarmos a encontrar. Ou melhor, o Afonso até tinha GPS mas tinha-mos seguido por caminhos ligeiramente diferentes. Por falar em GPS, só ao fim de bastantes kms comecei a habituar-me à utilização do aparelho. Com a roupa encharcada, frio, avançar lento por causa da pedra escorregadia e cerca de 15kms ainda por fazer nestas condições o desafio estava a complicar. Mas entre os três a boa disposição e piadas continuaram o que com toda a certeza ajuda a superar seja o que for. Foi realmente pena não fazer este single antes de Pombal com a pedra seca mas outras oportunidades virão. Em Pombal encontramos outro grupo que trazia também membros dos BTTralhos e pessoal de Espanha. Acabámos por seguir pela estrada nacional e sinceramente já nem me importei, só queria um banho quente e roupa seca.
O desafio foi superado eram cerca de 19:00 e o conta voltinhas marcava qualquer coisa à volta dos 125kms. Talvez o melhor dia de BTT que já tive com e sem o que o btt deve ter: com companheirismo, com desportivismo, sem fitas e sem classificações. Parabéns BTTralhos e venha o Vale do Vouga.
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Agora um pormenor à parte. Só tenho uma bicicleta de btt e é com ela que faço todo o tipo de percurso. Acontece que é uma bicicleta de enduro com cursos generosos de 160mm na frente e 150mm na traseira, pesada e com geometria adequada a descidas. Por várias vezes me deram a entender que sou um herói por fazer aquilo com uma bicicleta destas. O Diogo dos BTTralhos até me chegou a dizer que parecia que andava a gozar com o pessoal, tudo a sofrer e a querer bicicletas leves e eu com um arado de 18kg. Não sei ao certo quanto pesa mas leve não é. Não levo a mal, claro mas deixa-me a pensar se realmente estou a ser masoquista e deveria optar por algo mais leve para este tipo de aventura apesar de me dar mais confiança na pedra e andar aos pulinhos. Digamos que quadros para 140mm de curso como o Marin Quad Trail, Commencal Meta 55 ou o Lapierre Zesty, juntando qualquer um deles à suspensão Magura Thor com o restante equipamento que possuo talvez fossem uma escolha mais acertada e para os pulinhos que faço, suficientes. De qualquer forma não existe disponibilidade financeira para isso portanto fica a duvida no ar.
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